Artigo de João Ramos de Almeida.
Dê-se de barato que foi o tema da imigração que motivou o recente terramoto no Reino Unido e que se irá propagar pela União Europeia.
Não é por acaso que os povos migram. Cada caso é uma história, mas talvez se possa olhar para as grandes linhas. Na massa, a imigração é sempre a válvula de escape de um sistema desequilibrado. Seja pela guerra, seja pelas diferenças de condições económicas e sociais. Os números dos gráficos seguintes, juntamente com mais informação, podem ser encontrados no último boletim estatístico sobre os movimentos migratórios no Reino Unido, divulgado pelo organismo estatístico oficial britânico.
Portanto:
1) Não parece ter sido a imigração de fora da UE que está a inundar o Reino Unido. Essa parece estar em recuo desde 2005 e parece estar mais ou menos estabilizada desde 2013;
2) a que está a subir – desde 2012 – é precisamente a imigração que vem da União Europeia.
Olhemos, mais em pormenor:
Ora:
1) A emigração que está a subir é a que vem da Bulgária e Roménia;
2) mas sobretudo dos países de UE15 – Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Itália, Luxemburgo, Holanda, Portugal, Irlanda, Grécia, Suécia e Reino Unido (embora se exclua esse grupo). E este grupo U15 tem estado a crescer desde 2012. Em 2015, representavam quase 50% da imigração da UE.
Algum sugestão para esse facto?
Sim, claro. É por “trabalho” que se está a verificar a subida de imigração. Mas a minha pergunta era mais qual a razão porque há mais pessoas da União Europeia a procurar trabalho no Reino Unido?
Pois, lá teremos de voltar a falar de todo o edifício da política seguida desde o rescaldo da crise económica de 2007/8 e que adoptou aquela teoria de que a austeridade iria provocar um milagre económico na União Europeia.
De facto, o milagre já começou. Seguem-se os próximos dentro de momentos.
Artigo publicado em Ladrões de Bicicletas.